Entre os dias 15 e 25 de setembro de 2025, ocorreu a edição da Operação Mata Atlântica em Pé, abrangendo vários estados do Brasil, com destaque para o município de Linhares, no Espírito Santo, onde foram identificados 12.327,42 hectares de desmatamento. Essa área equivale a aproximadamente 300 campos de futebol.
Essa operação, realizada em todo o território nacional, visa proteger e restaurar o bioma da Mata Atlântica. O objetivo é identificar áreas degradadas, responsabilizar os infratores e garantir que medidas compensatórias e de reparação sejam aplicadas. Linhares foi escolhida como foco na região capixaba devido ao elevado número de casos de desmatamento registrados na cidade.
No total, foram embargados 282 hectares, emitidos 80 autos de infração e aplicadas multas que somam R$ 698.886,97. A Promotora de Justiça do Ministério Público do Espírito Santo, Bruna Legora, destacou a importância da integração entre as instituições ambientais para o sucesso da operação e na luta contra o desmatamento.
Ela comentou: “Essa operação reflete a força conquistada pela união dos órgãos responsáveis. Estamos realizando operações periódicas em todo o Estado, demonstrando que a tecnologia é nossa aliada e que a detecção dos alertas é diária. Agora, desmatar não compensa mais, e essa é a mensagem que queremos passar para os proprietários rurais.”
Bruna Legora também ressaltou que os índices de desmatamento têm diminuído consideravelmente no Espírito Santo. No entanto, a operação tem se concentrado na fiscalização de desmatamentos antigos, utilizando imagens de monitoramento retroativas para identificar crimes ambientais cometidos até 5, 8 e até 10 anos atrás. Mesmo que esses crimes possam ter prescrição, a obrigação de recuperar as áreas degradadas é imprescritível e pode ser cobrada pelo Ministério Público.
Análise e dados
A operação foi orientada com base nos alertas do MapBiomas e na nova plataforma de monitoramento de imagens de alta resolução do IDAF, que permite a detecção diária de desmatamentos. Linhares foi escolhida como foco devido ao aumento significativo das áreas desmatadas.
A maior parte da supressão de vegetação tem relação com o cultivo de cacau em sistema cabruca, um tipo de plantio que ocorre no meio da vegetação nativa da Mata Atlântica. Durante a vistoria, além da constatação do desmatamento, foram encontradas práticas de parcelamento irregular do solo, visando a construção de pequenas chácaras. Três casas em construção foram demolidas, cercas removidas e materiais de construção apreendidos.
Os resultados obtidos são semelhantes aos de outras operações, e o IDAF tem o prazo até 15 de outubro de 2025 para apresentar o total de autuações e multas aplicadas. O CAOA (Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Meio Ambiente) continuará acompanhando a operação para garantir a recuperação das áreas degradadas pelos infratores.
Operação Nacional
A Operação Mata Atlântica em Pé abrangeu, entre os dias 15 e 25 de setembro, os 17 estados da Mata Atlântica. O trabalho foi coordenado pela Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa) e o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), através do CAOMA.
No balanço nacional, os resultados foram:
- Alertas fiscalizados: 1.324
- Valor total de multas aplicadas: R$ 116.391.239,49 em sanções por infrações ambientais
- Área desmatada: 12.327,42 hectares
Este é um resultado parcial, sem dados de alguns estados como Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas e São Paulo.