O Espírito Santo está entre os três estados que apresentaram crescimento no número de casos graves de Covid-19 no Brasil, conforme o mais recente Boletim InfoGripe, divulgado pela Fiocruz nesta quinta-feira (2).
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), foram registrados cinco casos em agosto e outros três em setembro, além de dois óbitos — um em cada mês.
A análise também destaca que em algumas regiões do Centro-Oeste, como Goiás e o Distrito Federal, o aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) continua sendo impulsionado pela Covid-19, com impacto significativo nas hospitalizações, especialmente entre os idosos.
A gripe influenza A também tem contribuído para o aumento de internações em quase todas as faixas etárias nesses locais.
Tatiana Portella, pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e responsável pelo Boletim InfoGripe, alerta para o aumento de casos graves de Covid-19 no Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal. Ela também destaca que essas regiões estão vivenciando uma segunda onda de casos de influenza A, o que é incomum para esta época do ano.
“É fundamental que as pessoas, especialmente aquelas nos grupos de risco, verifiquem se estão com a vacinação em dia. A vacina continua sendo a principal proteção contra casos graves e óbitos”, enfatiza Tatiana. “Recomendamos ainda o isolamento caso apresentem sintomas de gripe ou resfriado. Se não for possível, que usem máscara, preferencialmente as do tipo N95 ou PFF2”, orienta a pesquisadora.
O InfoGripe é uma iniciativa do Sistema Único de Saúde (SUS) que monitora os casos de SRAG no Brasil. Seu objetivo é oferecer suporte às vigilâncias de saúde, identificando áreas prioritárias para ações de prevenção e resposta a eventos de saúde pública.
Entre os óbitos por SRAG, 50,9% foram causados pelo Sars-CoV-2 (Covid-19), enquanto 25,7% foram atribuídos ao rinovírus, 15,8% à influenza A, 5% ao vírus sincicial respiratório (VSR) e 1,8% à influenza B.
Alertas de SRAG
A análise da semana epidemiológica 39 indica que cinco dos 27 estados brasileiros apresentam níveis de alerta ou alto risco para SRAG, com tendência de crescimento nos últimos meses. Os estados em questão são Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás.
No Espírito Santo, o aumento nos casos de SRAG está sendo impulsionado principalmente pela Covid-19, com maior impacto nos idosos, e pelo rinovírus, que afeta especialmente crianças pequenas. Já no Amazonas, o rinovírus está sendo o principal responsável pelo aumento de casos, especialmente entre crianças e adolescentes de 2 a 14 anos, além da volta do crescimento de casos de VSR em crianças menores de 2 anos.
Entre as capitais, seis apresentam níveis de alerta ou alto risco para SRAG: Belém (PA), Boa Vista (RR), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Manaus (AM) e Porto Alegre (RS).
Dados do Ano Epidemiológico
Em 2025, foram registrados 184.931 casos de SRAG no país. Desses, 97.956 (53%) apresentaram resultado positivo para algum vírus respiratório, 65.950 (35,7%) foram negativos e 8.983 (4,9%) aguardam resultados laboratoriais. Entre os casos positivos, 42,7% foram por VSR, 27,1% por rinovírus, 23,5% por influenza A, 7,7% por Covid-19 e 1,2% por influenza B.
Até o momento, o Brasil registrou 11.161 óbitos por SRAG em 2025. Desses, 5.798 (51,9%) tinham resultado positivo para algum vírus respiratório, 4.331 (38,8%) foram negativos e 188 (1,7%) aguardam confirmação. Os óbitos confirmados incluem 51% por influenza A, 22,4% por Covid-19, 13,9% por rinovírus, 11,9% por VSR e 1,8% por influenza B.