Depois de gravar oito filmes, o Curta Vitória a Minas II se prepara para filmar a ficção “Lia: entre o Rio e a Ferrovia”, da professora e comunicadora Elisangela Bello, moradora de Aimorés, Minas Gerais.
Uma equipe de profissionais audiovisuais, com o suporte de equipamentos de captação de imagens e som, iniciará as gravações, nesta quinta-feira (23), e prosseguirá até sábado (25).
O projeto é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com a realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura e Governo Federal.
O Curta Vitória a Minas II selecionou dez histórias contadas por moradores de cidades que se desenvolveram no entorno da Estrada de Ferro Vitória a Minas para transformar em curtas-metragens.
Após uma imersão de quinze dias para estudar noções básicas de roteiro, direção, fotografia, som, produção, direção de arte e mobilização comunitária, cada um dos dez autores voltou para sua cidade de origem para articular e envolver a comunidade em atividades técnicas e artísticas na fase de preparação para as filmagens. Foram quatro meses de pré-produção até o início das gravações nas cidades.
Desde janeiro deste ano já foram gravados os filmes “Dezinha e Sua Saga”, da auxiliar de serviços gerais Luciene Crepalde, de Nova Era (MG); “Reciclando Vidas e Sonhos”, da coletora de materiais recicláveis, Ana Paula Imberti, de Ibiraçu (ES); “O Último Trem”, do vendedor Fabrício Bertoni, de Colatina (ES); “Santa Cruz”, da artista visual Rita Bordone, de Ipatinga (MG); “O Tempo era 1972”, do aposentado Ademir de Sena Moreira, de Naque (MG); “Um Ponto Rotineiro”, da estudante Jaslinne Pyetra, de Baixo Guandu (ES); “Um Outro Olhar Para a Maternidade”, da contadora Patrícia Araújo, de Coronel Fabriciano (MG) e “O T-Rex e a Pedra Lascada”, do biólogo Luan Ériclis, de João Neiva.
Depois de passar por Aimorés, em Minas Gerais, o projeto encerrará a etapa de filmagens em Colatina (ES) com a gravação do documentário “Colatina, A Princesa do Rock”, do jornalista Nilo Tardin, nos dias 30 e 31 de março e 1º de abril.
Diretora de Aimorés
Elisangela Bello Pereira Barcellos nasceu no dia 07 de maio de 1979 em Aimorés, Minas Gerais, mas cresceu ao lado da família, do outro lado da fronteira, em Baixo Guandu, no Espírito Santo. Da infância à adolescência este fluxo permanente entre as duas cidades aonde viviam os parentes maternos e paternos foi uma constante, fazia parte da rotina familiar.
Aos quatro anos de idade aprendeu a juntar os pedacinhos das sílabas para ler as palavras nas revistinhas em quadrinhos. Sempre encantada com a capacidade humana de se comunicar, a menina queria aprender mais sobre o mundo e as pessoas.
Do alto da varanda de casa, agarrada à pilastra, diante da estrada de ferro, via seu pequeno lugar se iluminar com a volta do pai ferroviário após uma semana de trabalho na manutenção da via férrea.
O final de semana em família era rico de afeto, no cuidado com a horta, no café da manhã compartilhado, animado pelos programas matinais de rádio. Aprendeu com o pai e a mãe a ter a fé como norte, o trabalho como segurança e o estudo como uma perspectiva de melhora de vida.
A cultura escolar revelou a ela como compreender a existência a partir de diferentes olhares e experiências. O amor pela leitura e a escrita a levou para o oceano revolto do jornalismo diário que sempre defendeu como um instrumento de conscientização, transformação e construção da justiça e da paz social.
Cursou a faculdade na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Atuou em rádio e em jornal impresso e online, na região metropolitana de Vitória, aonde desempenhou as funções de repórter, sub-editora e pauteira.
Após 15 anos de carreira, casada e com dois filhos, retornou com a família para Aimorés para educar as crianças no interior e fortalecer o convívio com os avós. Nesta nova trajetória, se formou em Pedagogia, pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), unindo o universo da comunicação com a educação. Esse percurso de vida deságua na história selecionada pelo Curta Vitória a Minas II.
Inspirada nas lembranças da autora, a história selecionada pra virar filme tem como protagonista Lia, a menina que via tudo, entre o Rio e a Ferrovia, sem deixar de sonhar com o que estivesse para além destes limites. Depois de ir e vir em busca de novas descobertas, a personagem volta para o lugar aonde tudo começou com o coração cheio de gratidão e esperança.
Ainda em 2023, o projeto exibirá os dez documentários e ficções em telonas de cinema montadas em ruas e praças das comunidades participantes durante sessões abertas e gratuitas. As obras serão ainda inscritas em mostras e festivais audiovisuais de todo o país, possibilitando a divulgação e a visibilidade dos conteúdos para outros públicos. Acompanhe mais informações sobre o projeto.
Instituto Marlin Azul
O Instituto Marlin Azul é uma associação sem fins lucrativos criada em 1999 cuja finalidade é promover ações direcionadas à cultura, à arte e à educação, democratizando o acesso à produção e fruição de bens culturais.
Em 23 anos de atividade, a instituição vem desenvolvendo diversos projetos sociais, culturais e audiovisuais voltados para diferentes públicos do Espírito Santo e do Brasil.
Além do Curta Vitória a Minas, a instituição desenvolve ações como o Revelando os Brasis, Projeto Animação, Cine Quilombola e Griôs de Goiabeiras.