O secretário de Agricultura do Espírito Santo, Ênio Bergoli, celebrou a suspensão das tarifas de 40% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo itens como café, mamão, gengibre e pimenta-do-reino, que são alguns dos principais produtos exportados para o mercado norte-americano.
“Essa decisão tem um impacto extremamente positivo tanto para o Brasil quanto para o Espírito Santo, já que entre os produtos beneficiados estão o café, mamão, gengibre e pimenta-do-reino. A medida nos devolve à normalidade, uma condição importante para nosso comércio exterior”, afirmou o secretário.
A decisão foi anunciada na noite de quinta-feira (20), com um decreto retroativo, válido desde 13 de novembro – data em que também foi extinta a tarifa de 10% sobre as tarifas recíprocas. A medida afeta mais de 200 itens do agronegócio e da pecuária, incluindo carne e café, produtos de grande relevância para as exportações brasileiras.
No entanto, o café solúvel não foi incluído entre os itens isentos, o que mantém o mercado brasileiro em busca de soluções para essa questão, especialmente no Espírito Santo, que possui três importantes plantas de produção de café solúvel.
Café solúvel segue fora da tarifa
De acordo com Marcos Magalhães, membro do Sindicato dos Corretores de Café do Espírito Santo (SINCRES) e do Conselho Nacional do Café, a suspensão das tarifas foi um passo importante, mas a batalha ainda não está ganha. “O café solúvel não foi contemplado, o que é um problema, mas o setor continua trabalhando. O Espírito Santo é uma grande plataforma de produção de café solúvel, com três plantas importantes”, afirmou.
A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), que representa toda a produção nacional do produto, destacou que o café solúvel é o 13º item mais exportado pelo agronegócio brasileiro, destinado a mais de 100 países, com uma receita anual de US$ 1,1 bilhão. A ABICS lamentou que o café solúvel tenha permanecido sujeito à tarifa adicional de 40%, que chega a 50% quando somadas as tarifas recíprocas de 10%.
A entidade também ressaltou que as exportações de café solúvel para os EUA caíram mais de 52% desde a imposição das tarifas, evidenciando o impacto imediato da medida no mercado.
Busca por novos mercados e adaptação do mercado global
Com a suspensão das tarifas, surgem novas oportunidades para o Brasil, que precisa agora buscar alternativas para recuperar o tempo perdido. “O mundo se abriu novamente para o Brasil, e o mercado americano, que é o maior comprador, já começa a reagir. Precisamos diversificar nossos mercados e acelerar o processo para recuperar os 90 dias de interrupção. O objetivo é ter o melhor produto e o melhor preço para competir de maneira justa no mercado global”, afirmou o conselheiro do setor.
Ele também observou que o mercado capixaba está aliviado com a medida, e o mercado mundial começa a se ajustar. “Quando as tarifas foram impostas, os importadores americanos suspenderam as compras para avaliar a situação. Quem pagou as tarifas não foi o Brasil, mas os americanos, o que aumentou os preços e afetou a popularidade do presidente Trump. Era algo esperado, mas vale destacar o esforço do Itamaraty e do setor privado para negociar. No início, os importadores liberaram os cafés armazenados, e o fluxo de negócios voltou a ganhar tração. Podemos esperar alguma volatilidade nos preços, mas com a normalização da logística, o comércio global deve retomar seu ritmo normal a partir de janeiro”, concluiu.
O governo brasileiro expressou satisfação com a suspensão parcial das tarifas e reafirmou sua intenção de continuar as negociações com os EUA para a remoção de outras taxas. “O Brasil seguirá com as negociações para a retirada das tarifas sobre o restante da pauta comercial bilateral”, afirmou o Itamaraty em nota.