A partir desta sexta-feira (03), às 19h, a maternidade do Hospital Rio Doce, em Linhares, suspenderá os atendimentos por tempo indeterminado. A decisão foi tomada devido à falta de médicos plantonistas, agravada pela grave crise financeira enfrentada pela instituição.
De acordo com o diretor técnico do hospital, Ronaldo José de Souza, o problema financeiro é resultado do repasse insuficiente de recursos pelo Ministério da Saúde. “Hospitais filantrópicos recebem apenas cerca de 60% do custo real dos atendimentos, e o restante precisa ser custeado pela própria instituição, o que gera um déficit crônico. Chegamos ao limite e não temos condições de manter a maternidade funcionando”, explicou Souza.
As gestantes que já estão internadas receberão atendimento até a alta hospitalar. No entanto, aquelas que necessitarem de assistência obstétrica deverão buscar os serviços da rede pública municipal, como as Unidades Básicas de Saúde e o Hospital Geral de Linhares (HGL). Pacientes com planos de saúde devem entrar em contato diretamente com seus convênios para orientações.
O Hospital Rio Doce informou que já notificou oficialmente os órgãos competentes sobre a suspensão dos serviços.
Posicionamento da Sesa
A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) recebeu, nesta quarta-feira (02), um ofício da Fundação Beneficente Rio Doce, comunicando a suspensão “unilateral e sem aviso prévio” da maternidade de risco habitual e de alto risco, contratualizada com a Sesa, a partir de sexta-feira.
A Sesa esclareceu que mantém todos os pagamentos à instituição conforme o contrato nº 009/2022, no valor de R$ 9.390.826,77, e considerou a decisão do hospital uma violação grave do contrato, colocando em risco a vida de gestantes e recém-nascidos.
A Secretaria exigiu uma explicação imediata da direção do hospital e informou que está tomando as providências necessárias para garantir a continuidade do atendimento na região. “Uma equipe técnica está elaborando um plano de contingência emergencial para garantir que nenhuma mãe ou bebê fique desassistido”, afirmou.
A Sesa também deixou claro que a decisão do hospital não ficará sem consequências. Auditorias rigorosas serão realizadas na gestão da Fundação Beneficente Rio Doce, e medidas legais, incluindo uma representação ao Ministério Público e denúncia criminal contra a direção da Fundação, serão tomadas pela interrupção abrupta de um serviço essencial, que coloca vidas em risco.