Quase uma década após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), 179 imóveis nos municípios capixabas de Colatina, Baixo Guandu e Linhares ainda recebem água por meio de abastecimento emergencial, como caminhões-pipa ou distribuição de água envasada.
A informação foi divulgada por Juliana Valory, gerente de Reparação e Recuperação Ambiental da Secretaria de Recuperação do Rio Doce (Serd), durante reunião realizada nesta quarta-feira (1), no escritório da Samarco, em Vitória.
O desastre ambiental, ocorrido em 5 de novembro de 2015, foi provocado pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco — controlada pela Vale e BHP Billiton — e resultou na morte de 19 pessoas, além da destruição de comunidades inteiras.
A lama com rejeitos de minério percorreu centenas de quilômetros, devastando a fauna, a flora, afetando atividades pesqueiras e comprometendo a captação de água potável ao longo da bacia do Rio Doce, inclusive em território capixaba.
No Espírito Santo, os municípios de Conceição da Barra, São Mateus, Linhares, Aracruz, Fundão e Serra foram diretamente impactados. Em Colatina, Baixo Guandu e Linhares, a situação de abastecimento emergencial persiste até hoje.
De acordo com Juliana Valory, a Samarco informou que está em andamento o planejamento de soluções definitivas para o fornecimento de água às famílias afetadas. Entre as alternativas estão a interligação à rede pública, a implantação de sistemas coletivos de captação e tratamento, ou a adoção de soluções individuais, como a perfuração e o tratamento de poços artesianos.
A reunião fez parte das ações do Programa de Melhoria dos Sistemas de Abastecimento de Água (Programa 32), que tem como objetivo garantir o fornecimento de água potável com qualidade e regularidade às populações impactadas pelo rompimento da barragem.
Esse programa integra um conjunto de iniciativas de reparação, previstas no Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado em 2016. A cláusula 171 do acordo originou o Programa 32, cuja execução ficou inicialmente sob responsabilidade da Fundação Renova — atualmente em processo de liquidação.
Além das medidas emergenciais, o programa contempla obras estruturais, como a modernização e reforma de Estações de Tratamento de Água (ETAs), construção de captações alternativas e implantação de sistemas para tratamento de resíduos gerados pelas ETAs, visando reduzir riscos ambientais e garantir conformidade legal.
Durante a reunião, a Samarco também anunciou avanços em algumas obras importantes, como a conclusão da captação alternativa da Lagoa Nova, em Linhares, e a instalação de novos reservatórios na ETA do bairro Morada do Sol, em Colatina. Já as obras de captação alternativa no Rio Guandu têm previsão de conclusão para janeiro de 2026.
O Programa 32 está sendo acompanhado judicialmente desde 2020, após ação civil pública protocolada na 4ª Vara Federal Cível e Agrária de Minas Gerais
. A partir desse ponto, as ações passaram a ser monitoradas por meio de articulação entre órgãos públicos, prefeituras, Defensoria Pública e o Comitê Interfederativo (CIF), além da mediação da Justiça.